Entrevista  -  Sensei Mariye Takahashi

Venha fazer uma aula experimental,você será muito bem vinda.

Aikido é fortalecer o corpo,polir o espírito e a mente.

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ENTREVISTA INTERESSANTISSIMA COM MULHER AIKIDOISTA DE ALTA GRADUAÇÃO.
Mariye Takahashi

 

 

Como você acabou indo para os Estados Unidos?

           Como mencionei antes, eu me desiludi com as universidades japonesas, e passei a pensar que além de praticar aikido, eu tinha muito pouco a ganhar ficando em Tókio. Por outro lado, eu ainda queria obter alguma educação superior enquanto era jovem. E naquela época, conheci a esposa de um oficial da força aérea, Dee Hagan, cuja família morava em Tókio. Naquele tempo, ela e o marido, Herald Stockton, decidiram me levar para os EUA se eu quisesse estudar. Assim, em 1963 eu fui para a América. Naqueles dias, muitos japoneses não podiam deixar o Japão. O governo restringia viagens internacionais. Não era fácil conseguir um passaporte, a menos que se tivesse uma boa razão. A embaixada americana exigia que um padrinho assinasse um documento de responsabilidade.

Qual foi a reação de O-Sensei quando você lhe disse que estava partindo para os Estados Unidos?

           Na manhã em que contei para O-Sensei sobre minha viagem, eu fui vê-lo depois do treino. Ele estava de óculos, lendo em seu quarto. Ele parou de ler e me cumprimentou na sua maneira costumeira, alegre e inocente. Eu lhe disse "O-Sensei, eu tenho algo para lhe dizer,” e contei que estava partindo para os EUA para estudar. Ele disse "América? Isso parece ser muito bom para você, desejo-lhe toda a sorte." Ele estava realmente feliz por mim. Ele também me deu um livro chamado Aikido como presente de despedida. Depois ele disse “Antes de ir, há algo que você queira me perguntar?" então, eu simplesmente lhe perguntei, "O-Sensei, o que é o aikido?" ele respondeu dizendo "Bem, deixe-me escrever para você, para que um dia você possa ler e entender". O que ele escreveu foi: “treinamento intelectual, treinamento físico, treinamento de virtude, treinamento do ki – isso é o que produz a sabedoria prática." Ele ainda disse que isso não daria certo se um destes pontos estivesse faltando, a falta de um deles tiraria o valor do todo e atrasaria o desenvolvimento geral. A pessoa deve sempre manter um equilíbrio harmônico entre estes pontos, ele disse.

Imagino que você teve uma grande despedida!

           Sim. Eu queria sentir a distância entre os EUA e o Japão, então escolhi ir de navio de Yokohama para Los Angeles. Levou duas semanas. No dia da minha partida, muitas pessoas do Hombu Dojo vieram me ver, entre eles estava Yoshimitsu Yamada, que iria para New York alguns meses depois para começar a ensinar aikido lá. Nobuyoshi Tamura, sua noiva – agora sua esposa -, Minoru Kurita, Seiichiro Sugano trazendo uma carta e um presente de despedida do Doshu Kisshomaru Ueshiba e muitos outros presentes dos uchideshi do Hombu que não puderam ir. Foi uma experiência emocionante e eu fiquei grata pela gentileza deles. Todos brincavam comigo de maneira amigável dizendo que eu os estava abandonando.

Sensei Mariye Takahashi

O´Sensei & Mariye Takahashi

O´Sensei & Mariye Takahashi

Se não me engano você também escrevia artigos em uma revista Japonesa chamada Semanário Feminino (Shuukan Josei). Depois de partir você teve mais algum contato com esta publicação?

           Sim, o Semanário Feminino era publicado por uma famosa editora chamada Shufu to Seikatsusha. Era uma publicação sofisticada e buscava certo nível de qualidade. O editor estava procurando por material novo, então me deram o posto de Correspondente Especial no Estrangeiro, e me pediram para encaminhar artigos e notícias dos Estados Unidos para o Japão.

E isso incluía escrever sobre aikido?

           Naturalmente!Na verdade, tive instruções especificas para escrever artigos sobre o aikido na América. É claro que naquela época, quase ninguém nos Estados Unidos conhecia a arte. Havia um dojo em Los Angeles, então a palavra "aikido" era conhecida pelo menos naquela área, mas foi bem difícil explicar o que era para os outros Americanos. Como ultima instância, eu tipicamente acabava explicando como "algo meio parecido com judo, um pouco como o karate, mas não bem isso...."

Você começou a praticar aikido logo que chegou aos Estados Unidos?

           Sim, minhas conexões com o aikido ajudaram muito no início. Koichi Tohei Sensei me deu uma carta de apresentação para um de seus alunos, Isao Takahashi, que ensinava aikido em Los Angeles. Ele e Rod Kobayashi [ambos agora falecidos] vieram me encontrar quando eu cheguei ao navio. Eu não conhecia nenhum deles, e parece que eles estavam preocupados em como iriam me encontrar. Eu estava viajando sozinha, então não tinha idéia de que alguém viria me encontrar, e fiquei surpresa quando eles se aproximaram. Perguntei como eles me reconheceram, e eles disseram que não foi nada difícil, porque eu era a única pessoa com um jo e um bokken em uma bolsa nas costas, parecendo com Sasaki Kojiro! (risos)

           *Sasaki Kojiro, personagem de ficção muito famoso, ligado a Miyamoto Musashi. O duelo glorioso final de Musashi foi em Ganryuujima, lutando contra Sasaki Kojiro. Kojiro perde o duelo, mas é conhecido como um dos lutadores mais fortes da época. A espada que Kojiro carregava era muito longa para ser levada na cintura, então ele pendurava a espada nas costas.

           Os praticantes de Los Angeles estavam muito curiosos para ver uma mulher jovem e shodan. Alguns deles trouxeram as famílias para me conhecer, e achei a atmosfera muito agradável.

           É claro que eu também tinha responsabilidades como Correspondente Especial no estrangeiro para a revista, então logo fui viajar pelos Estados Unidos, primeiro para San Francisco, depois para Portland, Seattle, Utah, Chicago, New York, North Carolina, novamente Chicago, depois de volta para Los Angeles. Tres meses depois parti em viagem novamente, para New Hampshire e New York.       Depois, finalmente retornei para morar na Califórnia, fui estudar na UCLA e continuei a praticar o aikido.

Após passar alguns anos na California, creio que você teve a chance de retornar ao Japão e rever O-Sensei?

           Sim. Vou antes contar algo sobre essa viagem.     Primeiro eu falei sobre O-Sensei como uma pessoa conectada com o mundo espiritual. Ele era uma pessoa que podia receber ondas espirituais emanando do mundo divino. Certamente, esta habilidade de se unir com a divindade o tornou muito especial. O que vou contar agora não é nem minha imaginação nem algo que ouvi de outras pessoas. Eu testemunhei pessoalmente sua natureza divina. Tenho absoluta certeza de que O-Sensei tinha poderes divinos.

           No verão de 1967 eu retornei ao Japão para uma curta visita, acompanhada por minha colega de quarto, Elizabeth Lee. O-Sensei pareceu ficar muito feliz quando nos encontrou ao visitarmos o dojo. Naquela época, o Hombu Dojo estava sendo reconstruído. A sala com um grande altar Shinto que O-Sensei usava antes já havia sido demolida, então ele passava a maior parte do tempo na antiga área do escritório. Os uchideshi tinham trazido um futon que era mantido bem dobrado ao lado da mesa do escritório durante o dia e de noite era aberto no chão para ser usado como cama. Kisshomaru Sensei (que era o Dojo-cho) estava preocupado que esta arrumação fosse inconveniente e sempre sugeria a O-Sensei que fosse ficar em Iwama até o final das obras. Mas ele insistia que queria ficar no dojo, e foi lá que o encontramos, naquele espaço lotado de coisas.

           Elizabeth e eu estávamos hospedadas em uma pousada chamada "Kikyokaku." Era muito usada por estrangeiros que tinham alguma conexão com o aikido. Quando contei isso a O-Sensei, ele imediatamente pediu a uma pessoa que trabalhava com ele que reservasse um quarto lá, e se mudou. Houve uma grande agitação quando a dona da pousada e seus empregados correram para preparar tudo para a chegada dele. A dona se sentia tão honrada com sua presença que estava praticamente em lágrimas.

           Prepararam as coisas para que ele ficasse em um quarto de estilo Japonês no fundo do prédio, e no dia em que se mudou, ele foi dormir muito cedo. Na manhã seguinte, por volta das 5:30, eu o ouvi me chamando. A voz dele foi ficando cada vez mais alta enquanto ele se aproximava do nosso quarto. Eu acordei assustada, e ele estava do lado de fora de nossa porta dizendo algo sobre ir ao dojo, nos convidando para ir com ele. Eu fiquei envergonhada porque nosso quarto estava uma bagunça, e fui enfiando tudo o que estava espalhado dentro do armário. Quando finalmente abri a porta deslizante, fiquei surpreendida em encontrá-lo completamente vestido, de haori e hakama, e pronto para sair.

           Eu o vi tão claramente, em pé do lado de fora do quarto, iluminado pela luz elétrica do quarto, tão digno, resoluto e nobre, como sempre. Além de ter uma forte "presença" pessoal, ele também parecia muito grande fisicamente, ali de pé, preenchendo toda a entrada do quarto como se uma rocha enorme de repente tivesse aparecido lá. O espaço em volta dele parecia estranho, como se preenchido por um vácuo, sobreposto por algo como uma forte tensão, não parecia nem um pouco com o corredor de uma pousada. Eu cheguei a sentir meus ouvidos zumbindo, com um som como um sino, como nunca ouvi antes. Ele disse, "Mariko, está escuro aqui fora, me deixe entrar!" e eu respondi, "Sim, claro, entre por favor".

           Lembro-me de vê-lo lá tão claramente, em cada detalhe, até suas meias tabi brancas. Neste momento, senti como se tivesse perdido o equilíbrio, como se estivesse sob a influência de alguma estranha "gravitação universal." Era como se eu tivesse entrado por dentro de uma parede feita de partículas de vento. Por um instante, foi como se um intangível “movimento de onda” estivesse me empurrando, como um tipo de pressão do ar, mas não havia nenhum vento na verdade. Isso teve um efeito tão grande em mim que em mal consegui ficar de pé, e senti como se realmente estivesse caindo de costas. Eu balancei um pouco, tentando me reequilibrar. E fiquei imaginando porque, apesar de todo o duro treinamento em aikido que eu tinha, estava sendo difícil manter meu centro. E é claro que eu me sentia ainda mais patética e sem graça com O-Sensei ali de pé me observando enquanto eu tropeçava.

           Finalmente, acho que um dos meus joelhos tocou o chão. As dimensões de tempo e espaço estavam tão estranhas que eu fiquei totalmente desorientada. Neste momento, acabei ficando em posição fetal e me senti muito mal. Lentamente caí de lado. Involuntariamente, minha cabeça desceu sobre meu peito. Eu tentei levantá-la para a posição normal, mas isso era impossível. E não era só a minha cabeça que estava pesada. Eu sentia como se houvesse uma enorme força sobre meu pescoço, me dando a sensação de que eu estava sendo cortada. Meu corpo continuava a cair, cada vez mais perto do chão. Então vi O-Sensei correndo para dentro do quarto para me ajudar, apoiando meu corpo e me colocando sentada.

           Neste momento, senti meu corpo escorregar para o chão. O-Sensei continuou a me perguntar se eu estava consciente e o que estava acontecendo, e outras perguntas assim. Eu tinha a impressão de que O-Sensei percebeu que havia algo estranho e começou a parecer preocupado. Eu mal podia lhe responder. Percebendo que eu estava causando um problema para ele, eu tentava me controlar, mas isso era impossível. Então, eu ouvi claramente O-Sensei falando humildemente com alguém: "Oh Divino Espírito, você estava aqui." Ele começou a juntar almofadas e outras coisas para me dar apoio. Ele se moveu rapidamente para me impedir de cair e se afastou um pouco e colocou a mão no chão de forma impecável e fez uma reverência. Ele falou de forma honorífica, "O corpo desta jovem ainda é frágil e não pode ser tomado. Portanto, venha para o meu corpo.”.

           Apesar de estar me sentindo mal e não poder controlar meus movimentos, minha mente consciente observava o que estava acontecendo a minha volta. Entretanto, eu não estava escutando uma segunda voz, mas estava claro que O-Sensei estava falando com alguém. Era como escutar alguém conversando pelo telefone. Ele disse, "Ela está bem?... eu compreendo... eu humildemente aceito que não devo ficar preocupado com a condição física dela... você quer dizer que ela não será destruída... sim, eu compreendo...”

           A deidade chamou a atenção de O-Sensei por ele estar insistindo no assunto de minha condição física. "O que você gostaria que eu fizesse?... Sim, eu derrubei o altar Shinto porque o dojo precisa ser reconstruído. Entretanto, eu respeitosamente o levei para o templo de Iwama e lhe pedi que ficasse lá até que o dojo esteja completo. Eu nunca me esqueci de você... não pude fazer minhas orações por tres dias porque eu estou em Tókio... você acha que isso é uma desculpa?... Humildemente peço desculpas... Por favor, abandone o corpo desta jovem. Eu vou imediatamente retornar para Iwama. O que mais você quer que eu faça?... Por favor, abandone o corpo desta jovem!" Parecia que a deidade ia embora. Então O-Sensei continuou: "Eu purificarei este lugar e o encaminharei. Devo fazer isso agora? Vou começar agora..."

           De alguma forma vi O-Sensei se recompor e fazer o misogi, e então ele faz um alto kiai para mim. Eu relaxei um pouco, mas ainda estava com dor de cabeça.

           Agora eu posso rir disso, mas naquele tempo eu fiquei surpreendida que apenas a presença de O-Sensei tinha realmente me afetou assim. Eu senti como se ondas de energia estivessem se chocando contra mim, fazendo meu coração bater quase dolorosamente. Eu estava com medo que ele conseguisse ouvir isso e me repreendi por estar sendo tão deselegante e descortês. Tentando me recompor, eu me virei para encher a chaleira com água quente de uma garrafa térmica e quando ficou pronto, ofereci a O-Sensei uma xícara de chá verde. Eu ainda me sentia muito estranha, como se estivesse com enjôo do mar, tinha dificuldade de levantar a cabeça. Então O-Sensei disse, "Ah, veja, às vezes os deuses vem até esse velho homem. Sinto muito, vejo que isso foi ruim para você..."

           Então O-Sensei me perguntou, "Você entende o que lhe aconteceu agora?” Eu balancei a cabeça e disse que não. Na verdade, estava muito alem da minha compreensão naquele momento. Ele disse ”Ninguém compreende o contato espiritual. Seria mais fácil não falar sobre isso com outras pessoas. Não há muitas pessoas que compreendam esse fenômeno. Isso é muito complicado, e muito alem da experiência normal."

           Ele gentilmente simplificou e que estava dizendo e falou com carinho comigo. Falando em termos que eu podia compreender, ele desceu ao meu nível permitindo que eu penetrasse por instantes nesta dimensão espiritual. Ele falou claramente, de forma que eu compreendesse, que ele realmente não queria que as pessoas soubessem de seus contatos espirituais. Ele chegou a dizer, "Prometa-me que não vai falar com ninguém." Eu disse que não falaria. Ele me fez enganchar meu dedo mínimo no dele, no gesto japonês que indica uma promessa.

           Após algum tempo, as coisas voltaram ao normal. Minha colega de quarto Elizabeth tinha dormido durante toda a cena! A única coisa que ela se lembrava era que O-Sensei esteve sentado no quarto comigo. Eu acompanhei O-Sensei ao dojo, que era perto o suficiente para irmos a pé. Lembro-me que O-Sensei retornou para Iwama logo depois. Agora faz 33 anos que isso aconteceu. Estou quebrando minha promessa secreta a O-Sensei, mas acredito que ele está me permitindo fazer isso. Naquela época eu não compreendia o que ele me disse, mas depois compreendi que foi um privilégio presenciar O-Sensei em um estado de influência divina, quando os próprios deuses entraram em mim. Me pareceu claro que essa não foi apenas qualquer presença divina, mas sim alguma poderosa deidade das artes marciais que veio devido a influência de O-Sensei.

           * Kamisagari: No passado, existia uma forte crença de que todas as coisas da natureza são governadas por uma lei absoluta e que as pessoas deviam crer no papel dos deuses. No Nihonshoki, compilado no ano de 720, existe o registro da Imperatriz Jingu ser uma médium; diz-se que ela recebeu mensagens da divindade que lhe permitiram governar sua terra. De acordo com o Chikaatsu Honda – um dos mestres espirituais de Onisaburo Deguchi – existem tres formas de se conectar com o espírito divino. Uma é espontaneamente, a súbita aparição da divindade sem ter sido conjurada por seres humanos. A segunda é o convite direto de um poder divino, e a terceira envolve o convite de um poder divino através de um médium.

Sobre Kisshomaru Ueshiba

Você nos contaria sobre a personalidade do falecido Doshu Kisshomaru Ueshiba?

           Faz um ano que Kisshomaru Sensei partiu. O tempo realmente voa, mas sinto que ainda posso ouvir sua voz sorridente. O-Sensei criou o aikido e Kisshomaru Sensei o apresentou para o mundo. Enquanto ele unicamente dava aulas, ele estava interessado em trazer para o aikido o maior numero possível de pessoas. Kisshomaru Sensei era modesto e reservado, mas consciente em dar atenção aos assuntos administrativos. Kisshomaru Sensei trabalhava em harmonia, sem qualquer impulso de dominar. Ele sempre estava pronto para escutar diferentes pontos de vista e tinha o apoio de conselheiros. Mas quando uma decisão importante devia ser tomada, ele acreditada no próprio julgamento. Ele tinha muitos conselheiros sinceros e membros do conselho e shihan que eram ativos em âmbito nacional e internacional e que lhe davam todo o apoio. Eles apoiavam Kisshomaru Sensei, pois suas participações eram uma fonte de prestígio.

           Kisshomaru Sensei de fato inspirou um poderoso foco para a unificação do aikido no Japão. Uma das formas que ele usou para atingir isso foi estabelecer ramificações em muitas grandes companhias. Os empregados das empresas treinavam aikido na hora do almoço ou após o trabalho. Na década de 1960, os instrutores de aikido eram enviados a lugares como a NHK (Sistema Nacional de Telecomunicação) ou famosas companhias de automóveis, bem como a universidades e faculdades. Isso pode parecer nada alem de uma forma conveniente de atrair as pessoas para o aikido, mas era um reflexo do desejo de Kisshomaru Sensei de satisfazer as necessidades das pessoas.

           A visão de Kisshomaru Sensei era profundamente influenciada pelo espírito samurai tradicional Japonês. Em muitas ocasiões, eu presenciei Kisshomaru Sensei conversando com o próprio pai, O-Sensei, com grande respeito. Ele sempre falava de forma graciosa utilizando termos honoríficos. Era uma cena emocionante quando o filho tratava seu pai de maneira tão respeitosa. Da mesma forma, Kisshomaru Sensei tinha um relacionamento muito educado com seu filho, Moriteru, o atual Doshu. Ele parece estar seguindo o caminho de Kisshomaru Sensei, e era muito bom ver Moriteru Doshu tratando seu pai Kisshomaru Sensei com muito respeito. Eu me sentia emocionada em estar entre eles e participar de suas conversas refinadas.

           Quando Kisshomaru Sensei visitou o sul da Califórnia ele ficou em hotéis, mas sempre dava um jeito de separar um momento em sua agenda ocupada para visitar minha casa. Era uma grande honra receber suas visitas. Ele vinha a minha casa e passava algum tempo com minha família.